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sobre "contigo quero dividir minha solidão", 2011.

> por pio figueiroa, para Multimídia em Foco

Este filme contém fotografias que nos deslocam pela ilusão de estarmos vivendo o que o filme sonha. Elas residem no discurso deste filme e se empenham em nos despertar.“Contigo quero dividir minha solidão” permite à fotografia expressar o que nele existe incompleto. Vê-lo, ou bem escutá-lo, é como perseguir o que não se move: “conforme me acerco de um objeto mais rápido ele corre de mim. Essa imagem não tem data, não tem validade. É eterna em seu próprio tempo”. As fotografias, por ali, se empenham em nos acordar, mas jamais fogem do parentesco que tem com o sonho.


> por Ana Luiza Rocha do Valle, para Portapoema:

Corresponder. É esse o convite que Malu Teodoro nos faz em sua obra e sua relação com a arte e a poesia. Motivada em seu processo artístico pelas respostas de suas alteridades, Malu entende que “a função fundamental da arte é a comunicação”. Sobre a ideia de compartilhar sentimentos com outras pessoas, ela nos diz ainda “Esse entendimento mútuo é uma força que nos une e que me motiva e continuar produzindo para poder cada vez me entender mais os outros, e o mundo”.

Para Mundos Portáteis, ela nos traz essa correspondência em forma de videoarte, composto de postais que discutem a questão da comunicação sob vários ângulos: “Esses vídeos são cartões postais ‘escritos’ enquanto eu estava fazendo uma residência no México. (…) Naquele momento, eu pensava muito mais no que eu tinha para dizer a eles, e hoje eu penso que esse trabalho fala mais sobre a comunicação do que sobre a saudade, da distância, e o estrangeiro.”.
A respeito da poesia, ela é vista como mais uma entre as formas de arte, inspiração necessária a pensar e propor questões fundamentais da existência, “inspiração na busca (sem fim) pela verdade”. De tantas inspirações, o convite que fica é para entrarmos nesse mundo portátil feito de vídeo e correspondência, não como espectadores, mas como comunicadores. Malu Teodoro já nos fez destinatários. Vamos ser remetentes?


> por João Toledo, em filmespolvo.com.br

Composto de cartões portais em movimento endereçados a diversos amigos da realizadora, o filme traça, com o suporte de um olhar poético, as pequenas narrativas de uma viagem. Alguns compartilham momentos e imagens, outros compartilham memórias saudosas, e alguns ainda compartilham de um olhar para o futuro. As experiências se traduzem de forma muito livre, nunca pautadas por uma forma pré-determinada. Há momentos bonitos, ainda que muitas vezes marcados por uma poeticidade que se impõe sobre tudo. Há também uma certa ingenuidade, mas que escapa de se tornar um peso negativo pois se ampara na evidente sinceridade que funda o registro. Enfim, um fluxo de pequenas narrativas que propõe um caminho afetivo bonito mas que, diante da ausência dos destinatários, perde um pouco de sua força. Se não dispomos dos códigos que caracterizam cada relação, nos relacionamos com as imagens a partir de nossos próprios códigos, e isso nem sempre é o suficiente para dar vida às imagens que o correio nos trouxe por engano.


> por Cid Nader, em cinequanon.art.br

Curtas-documentários podem representar os mais belos espaços para que a invenção e tentativas mais ousadas sejam tentadas. Malu Teodoro arriscou, com imagens-postais que tomou durante uma viagem de estudo ao México, e concluiu algo bastante raro. Já se poderia começar falando da beleza de algumas imagens filmadas por ela (que variaram desde tomadas absolutamente impactantes no sentido físico geográfico dos “alvos” almejados – como muito belos, também -, a outras de caráter singelo, ou a mais algumas de abstração: muito particulares): são momentos que preenchem a parte essencial do filme, e que, nota-se, surgiram de mãos hábeis para as tomadas.
Com edição hiper-bem elaborada –inclusive com adição de uma tênue linha branca para representar o quadro de fotos ou postais -, a inserção de outros elementos gráficos, pequenas animações, ou a variação na intensidade dos elos, das partes, conseguiram caracterizar algo de matiz pessoal, num apanhado que poderia (como foi, ao virar um filme, indo a festivais, ao mundo) ser só dela, e que foi transformado em grande exemplo de possibilidades narrativas. Não bastando ser bem resolvido nesses quesitos técnicos, que sempre destaco como essenciais às obras de cinema, o texto da diretora é de riqueza rara – e não singular -, indo de observações fugazes (a menina que pensa limões, no pomar, como se fossem maçãs verdes), a momentos pessoais, de jorro de particularidades (que falam de saudades, ou outros), com extensa e densa carga literária. Bem bom.

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